sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

O jardim do Amor. - William Blake


Tendo ingressado no Jardim do Amor,
Deparei-me com algo inusitado:
Haviam construído uma Capela
No meio, onde eu brincava no gramado.
E ela estava fechada; "Tu não podes"
Era a legenda sobre a porta escrita.
Voltei-me então para o Jardim do Amor,
Onde crescia tanta flor bonita,
E recoberto o vi de sepulturas
E lousas sepulcrais, em vez de flores;
E em vestes negras e hediondas os padres faziam rondas,
E atavam com nó espinhoso meus desejos e meu gozo.

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E então senti, como mil punhais perfurando minha alma,
Aquilo que antes me traria tanta alegria e gozo...hoje desfruta de meu sofrimento e dor.
Lágrimas ocultas, sentimentos amargos guardados a sete chaves.
Algo da qual jamais conseguirei acessar, algo da qual jamais poderão ver através de tão rubra face.

Ah... e como todas estas coisas tem me machucado.
Como tem me feito sofrer, cega-me para a felicidade que, apesar de mostrar-se face-a-face não consigo ver.
Como pode, todas estas coisas virem perturbar-me?
Justamente quando achava que tudo estava bem.
São nestes instantes que a vida nos prega peças..
Aliás..pregamos peças em nós mesmos.

Pensamos em nos fortalecer sem antes saber o quão destrutivo isto pode ser.
Sonhamos por sonhar.
E, mesmo o sonho é uma forma de pregarmos tais peças.
Sonhos dos quais jamais realizaremos.

Vivo sozinho, e assim permaneço dia-após-dia...
...
...
Incessantemente...
...
...

Amor jamais vivido.
Sonhos jamais desfrutados.
Vida jamais gozada.

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